BLOGGER TEMPLATES AND TWITTER BACKGROUNDS

domingo, 26 de janeiro de 2014

Não! Não me peçam poemas de amor...


Não! Não me peçam poemas de amor...os meus dedos estão frios
A minha alma já não me pertence e o meu corpo partiu sem mim
O meu coração parou e os meus sentidos estão inertes e vazios
As palavras já não as encontro e o tempo parece não ter fim

Não! Não me peçam poemas de amor...já não me sei inventar
Eu não sou eu...os meus versos são poeira que o vento levou
Em mim tudo é deserto...apenas há nostalgia no meu versejar
O amor está mais distante que nunca e o meu sangue já secou

Não! Não me peçam poemas de amor...as horas estão morrendo
A noite é escura e os meus sonhos vão-se lentamente esfumando
A vida vai passando e o meu corpo vai tristemente anoitecendo
A ilusão vai-se desfazendo em espuma e a luz vai-se apagando

Não! Não me peçam poemas de amor...já não há azul no meu olhar
No meu corpo já não há vida e a chama do amor já não me queima
O papel onde me escrevi enegreceu e as mãos já não sabem amar
As palavras são pedra dura onde já não floresce nenhum poema

Não!Não me peçam poemas de amor...sou árvore de folhas despida
As rosas rubras que me adornaram o corpo um dia...já não têm cor
As marcas do tempo deixaram o meu coração a sangrar em ferida
E com o coração sangrando como posso escrever poemas de amor

Não! Não me peçam poemas de amor...é Inverno no meu peito
Nas minhas veias já não há poesia...o sangue que corre é mágoa
As lembranças são os espinhos que cobrem o chão onde me deito
Sobre os sonhos que rasguei onde em silêncio rola uma lágrima

Não! Não me peçam poemas de amor...o meu corpo já não é flor
É crepúsculo no meu olhar e no meu rosto já não há Primavera
E sem Primavera como é que eu posso escrever poemas de amor
Não! Não peçam poemas de amor a quem da vida já nada espera

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A VIDA...


Deixei secar as flores dentro do livro que a vida me ofereceu
Adormeci num sono profundo...na luz que cegou a escuridão
Na voragem do tempo secaram as flores que o destino me deu
No entardecer da Primavera...ficou uma rosa chamada solidão

Deixei escorrer o tempo na concha das minhas mãos vazias
Provei do cálice o veneno mais amargo feito de cicuta e fel
Entrelacei amor com dor e partilhei com a noite a melancolia
Esqueci a volúpia do desejo...apaguei a chama na minha pele

Deixei secar o rio que corria no meu corpo na margem da dor
Como se fosse a última lágrima a beijar cada pedaço de mim
Num imenso caudal de páginas brancas onde escrevi o amor
Neste corpo de ninguém...de onde nem cheguei e nem parti

Deixei adormecer este corpo que me veste na porta da vida
Numa prisão secreta onde deixei parar meu pobre coração
Nesse frágil sopro de um instante em que fui morte vivida
Nesta estrada por onde caminho...entre a luz e a escuridão

Deixei anoitecer todos os sonhos nas asas feridas da ilusão
Num grito incontido do meu corpo vestido de silêncio e frio
Num eu que já não me pertence...na vida a soltar-se da mão
Um punhado de fantasias com que preencho o meu vazio

Deixei que a noite descesse sobre mim...tenebrosa e escura
Gastei o tempo renascendo e morrendo...prisioneira de mim
Guardei os despojos de quem fui e todas as gotas de ternura
Com que engano a solidão do meu corpo vestido de carmim