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sábado, 26 de janeiro de 2013

Mergulho em mim...


Mergulho em mim como se fosse o rio que percorre os meus medos...as minhas alegrias...as minhas tristezas...um mergulho no abismo onde não me consigo encontrar...num labirinto a que não consigo dar nome...num caminho entre o consciente e o inconsciente...entre o vazio e o nada.
Neste mergulho em mim...abracei o tempo esquecido e voltei aos lugares onde a esperança era um campo de papoilas...o meu corpo tinha ânsia de viver e cheiro de madrugada...os meus sonhos tinham asas douradas e o silêncio era uma suave melodia...um doce adormecer na noite perfumada de mistério onde me sonhei menina vestida de tempo.
Neste deambular errante...nesta saudade de mim tombou sobre o meu corpo a última gota de orvalho...sobre os meus olhos desceu a noite imensa e fria onde queimei os últimos sonhos...todas as certezas e todas as mágoas num travo amargo de silêncio...cinza esmorecida da menina que fui...ilusão da mulher que sou...na flor que se fez pedra parada por dentro do tempo
Respiro ainda mergulhada num mar de ausência...revolvendo a terra húmida que me prende o corpo...nas mãos que me emudecem os gestos...nas esperas que sabem a fel...na noite que cheira a solidão...na procura que trago nos dedos...nas ilusões tatuadas na pele...nas mortes escritas no tempo...nos castelos que ergui nas areias e que o vento derrubou e o mar sepultou.
Mergulho fundo...tão fundo por dentro de mim e dispo todas as palavras...queimo todos os silêncios na esperança de me encontrar...horas e horas a fio me procuro com o olhar vestido de bruma...com os sentidos enevoados percorrendo os corredores da alma onde uma onda de silêncio me faz mergulhar ainda mais dentro de mim...num último gesto antes que o meu corpo seja pó...que o meu nome seja apenas uma mera lembrança...um ténue perfume que se desvanece num sopro de vento.
Não sei onde me levam os meus passos...se ao meu encontro ou à minha partida...se ao céu ou ao inferno...se à noite que trago dentro de mim ou à madrugada onde me procuro sem encontrar fim nem luz...um espelho ilusório onde permaneço como um corpo sem rosto...uma alma sem mim.
E...toco suavemente o limbo onde o meu corpo está preso...adormecido pelo tempo sem paz...sem descanso...silenciosamente inquieto e devastado pela chama que se tornou na cinza dos meus sonhos e pergunto-me onde me perdi...onde deixei os meus anseios na vida que está a anoitecer...para lá da linha que quero e não quero transpor...nesse abismo que me chama...nesse fio de luz que repousa sobre o silêncio onde me deixo estar adormecida...tão longe de mim...num eterno sono.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O beijo da noite...



Deixa que a noite beije a minha boca...que morda a minha sede
Que beba do meu ventre as cinzas do orgasmo...o sabor do frio
No silêncio dos muros onde me deito...na mordaça que me prende
Neste mar desejo que me incendeia como se fosse fogo...ou rio

Deixa que os meus lábios adormeçam...os meus olhos anoiteçam
Que o meu corpo desfaleça nos gestos frios das chamas ardidas
Que o grito perdido por dentro da noite se desfaça em silêncio
Deixa que nos meus sonhos adormeçam as esperanças perdidas

Deixa que o meu corpo seja arrancado à terra...à noite roubado
Que seja tua a minha renúncia...que rasgue as sedas do desejo
Nas mãos agonizantes da madrugada...desse corpo amordaçado
Que te chama com ternura...no silêncio dolorido de um beijo

Deixa que o meu corpo adormeça e que a minha carne apodreça
Sobre esse mármore frio que me aconchega como se fosse morte
Beijando a minha pele...como o sepúlcro sombrio da tua ausência
Neste corpo sem memória...onde em silêncio me abraça a noite

Deixa que a minha nudez seja o balsamo da tua sombra errante
Os sargaços onde me aconchego quando na noite fria te chamo
Na ilusão onde cada noite me abraço na quimera dum instante
Inventando o teu corpo sobre o meu corpo e solitária me amo

Deixa que o amor agonize nas paredes nuas da indiferença
Que o silêncio seja o meu grito da mulher que se esqueceu
Por entre a sombra doutro corpo onde a presença é ausência
Sempre tão longe e tão perto dessa louca mulher que morreu

Deixa que por um momento apenas...invente um corpo de fogo
Desfaça as correntes e rasgue com as minhas mãos este vazio
Calando este grito mudo...no mar de silêncio onde me envolvo
Afastar os fantasmas e libertar-me deste amor que me vestiu

domingo, 13 de janeiro de 2013

Selo Literário 2013


O Selo Literário 2013 "Leia Sempre", foi criado pela blogueira Érica Bosi como convite à Leitura




2 - Indicar 2 livros lidos em 2012

    Citações e Pensamentos de Florbela Espanca

   Gaveta de Papéis de José Luís Peixoto

   Obra Poética de Sophia de Mello Breyner Andresen

3 - Indicar 3 livros que pretende ler em 2013

    A Charneca ao entardecer de Florbela Espanca
    
    Dentro do Segredo de José Luís Peixoto

    Reler 100 anos de Solidão de Gabriel Garcia Marquez


Quero agradecer às amigas e amigo que me indicaram e pedir desculpa por não nomear ninguém.
Deixo para quem quizer levar está neste link : 








sábado, 5 de janeiro de 2013

Queria ser nuvem...procurando o Sol


Queria ser uma nuvem procurando o sol...os braços do vento
À deriva e em silêncio...ser uma gota de chuva densa e calma
Percorrer os caminhos que tu percorreste...prender o momento
Deixar as lágrimas secar...no canto mais fundo da minha alma

Queria que a noite te prendesse e o meu olhar te encontrasse
Que as madrugadas fossem um raio de sol...o teu corpo o luar
O meu amor ser a imensidão que nos meus braços te enlaçasse
Queria ser o bálsamo do teu sangue...a serenidade do teu olhar

Queria pisar o chão dos meus passos...descalça e de mim despida
Trilhar o meu caminho...afastar as pedras...rumo ao sol nascente
Silenciosamente e com passos lentos ir até ao outro lado da vida
De alma branca e nua...adormecer nos braços da vida docemente

Queria de azul vestir ao meus braços...de sonhos as minhas mãos
Despir do meu corpo o véu de penumbra que se prendeu em mim
Num momento breve...apenas um instante...ser uma doce ilusão
Vestir uma noite com o mel da tua boca...no meu corpo de cetim

Queria derrubar os muros do tempo e prender as ilusões da vida
Das cinzas deste Outono....queria por um dia renascer Primavera
Dos meus anseios de menina...resta apenas uma lágrima perdida
No sorriso duma estrela cadente...onde louca me sonhei quimera

Queria da noite despir os meus sonhos...do tempo o cansaço
Das minhas mãos a ausência...no corpo sufocar as mágoas
Adormecer os gestos e entregar-me meu amor no teu abraço
Num surdo rumor de beijos...num lento escorrer de lágrimas